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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Mudanças...

   Após três anos de blog, chegou ao fim mais uma metamorfose. Este, que começou com a publicação de uma dissertação escolar sobre as manifestações de 2013 e que depois foi sendo preenchido com textos, em sua maioria, de caráter crítico, cedeu lugar a coisas mais leves - ou não.
   Abandonei Bauman, Lipovetsky, Debord, Rousseau, Locke. Pelo menos diretamente.
   Buarquização: passei a pena para outra Pessoa.
   Sempre sem o tapa olho, vamos juntos de mãos dadas: entre o labirinto e o Sol.





Para quem não se lembra - ou é novo aqui - meu blog se chamava "Tire o tapa olho"

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Existia um elo

Fonte: https://www.tumblr.com/search/c%C3%B4modo

Ah, se tu soubesses como sinto sua falta...
Lembro-me do nosso primeiro beijo:
seu toque suave segurando meu queixo,
seus lábios valsando com os meus,
nossos corpos envolvidos pela química do amor.

Sinto seu cheiro em meu travesseiro:
Chanel número 5;
Falta de seus braços e abraços,
seus beijos e carícias.
Sinto falta de você, que
não somente meu Amor,
era minha melhor amiga.

Mas quando lembro do nosso primeiro beijo,
parece que, de repente,
o toque suave se transforma em dor,
a valsa, em uma briga,
a química, em pó.

A verdade é que não era recíproco.
Talvez o toque suave tivesse uma carga de malícia,
a valsa era só mais um samba
e a química não era química.
Era biologia, o animalesco do amor.
Afinal, existia um elo?

Pensei que tu eras o Amor da minha vida,
amor com "A maiúsculo", mas errei.
Errei ao me entregar por inteiro
para  quem só queria a metade;
Errei em considerar "Amor"
quem me via apenas como mais uma "paixão".

Errei e sinto muito por isso.
Sinto muito porque não consigo sentir só metade;
sinto muito porque pra me livrar de todo o sentimento
que um dia já me preencheu, mas que hoje só me esvazia,
é necessário "sentir muito".
E também sinto muito, já que depois de tudo isso,
ainda sinto sua falta.

(Ícaro Marques)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A Noite


Seu caminhar, 
em ressonância com as as batidas apáticas de meu coração,
suscitava reflexões.

A dama esguia, vestida de preto,
no seu olhar profundo escondia:
um universo de mistérios, o ponto de interrogação da vida.

Todos enxergavam um brilho, até parecia alegria.
Mas na verdade, há anos, aquilo tinha morrido.
Havia um lado seu que ninguém conhecia.
Nem o russo, nem o americano: ela preferiu ficar sozinha.

Às vezes cheia, cheia da vida.
Minguante esperança, crescente melancolia.
O Sol nascia e, de repente, a misteriosa mulher desaparecia.
Assim era todos os dias...

E, quando dela esquecia,
o timbre inconfundível de seu fino salto
o fim novamente anunciava, melodiando sobre o teto que,
ao mesmo tempo, do sereno resguardava,
porém, exposto ao maior perigo, mais uma vez me deixara.

Refiro-me aos pensamentos ácidos que a dama,
a todo findar do dia, em mim despertava.
Até que, acostumado com sua beleza penumbrada,
de manhã, ela me abandonasse.

(Ícaro Marques)

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A sereia dos versos

Ícaro Marques 16/10/2015


Olhe aqueles dedos
Lisos e tão alvos quanto a neve
dançando sobre o teclado do piano.

Seus longos cílios negros
e os seus olhos de jabuticaba
que brilham tanto quanto os de uma sereia do extremo Norte
Olhos que cantam e encantam
Olhos que chamam e omitem mistérios
Olhos que sorriem.

Olhe aqueles lábios rosados
que ao mesmo tempo escondem e mostram
Lábios que se beijam e se almejam,
que se encurvam para o canto e encantam
eu marinheiro.

Quanta doçura,
quanto talento!
Seu médio vestido azul opalina
contorna suas curvas singelas
em cima das quais o marinheiro navega
e escreve poemas.

(Ícaro Marques)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

05:20

Tri li li li lim,
tri li li li lim...
É o despertador tocando.
Levanta!
Parece que mais um dia vai começar

Aparência apática,
indiferença com a vida...
Despertado por fora,
morrendo pra lida.

Há um tempo
o barulho da urina matinal
concorreria com a minha turbulência cerebral
Mas, agora, reina um silêncio
Um silêncio funeral.

O zig zag da escova
demonstra o movimento na vida:
de um lado para o outro,
todo o dia a mesma sina.

Moletom do Ramones,
uma bermuda envelhecida,
faça sol ou faça frio,
cobrem minhas feridas.

O dia passa
O dia termina
Um vazio que desatina

Renato Russo, Los Hermanos e Cartola
no fundo fazem minha trilha sonora
Não tenho medo do escuro, 
mas deixe as luzes acesas agora.

Tri li li li lim...

(Ícaro Marques)